Automotivo

Renda do brasileiro impulsiona aumento da frota de veículos

Escrito por Roberto Nunes

Por Lu Nascimento

O autosemotos.com completa dez anos. Com foco na questão mobilidade, esse artigo avalia as mudanças na frota de veículos da Bahia nesse período, ao comparar o resultado de janeiro de 2009 com o do primeiro mês de 2019.
Nos anos iniciais do referido intervalo de tempo, apesar da crise econômica internacional, um conjunto de fatores impulsionou positivamente o mercado de veículos. O país experimentou o aumento da renda real dos trabalhadores e o governo federal implementou políticas de incentivo ao consumo, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Havia mecanismos que facilitavam o acesso ao crédito: expansão dos prazos de financiamento e planos de parcelamento sem entrada.
Todavia, o segundo momento não foi tão positivo em termos financeiros e existia incerteza no âmbito político. Em 2014, a economia exibia sinais de crise: redução dos níveis de crescimento do país (medido através do Produto Interno Bruto – PIB) e aumento do desemprego. O período foi marcado, também, pela escalada do número de pessoas que não conseguiam pagar as dívidas, inclusive de aquisição de veículos. Nesse mesmo ano, aprovou-se lei que facilita a retomada, pelas instituições de crédito, dos carros dos inadimplentes. Alguns incentivos ao
consumo foram eliminados, por exemplo, o IPI voltou a incidir sobre carros novos em 2015.
Balanço da frota de veículos da Bahia em 10 anos
Nesse contexto, dados do Departamento Nacional de Trânsito revelam que, a frota de veículos emplacados passou de 1.818.177 unidades, em janeiro de 2009, para 4.155.720 unidades, em janeiro de 2019, na Bahia. A variação correspondeu a um acréscimo de 128,6% (2.337.543 unidades). Vale ressaltar que, predominaram, nessa ordem, os automóveis, as motocicletas e as caminhonetes.
O total de automóveis dobrou no intervalo de dez anos e foi de 897.176 unidades para 1.835.913. Houve ampliação em número absoluto de mais de 938 mil unidades com placa. O percentual dos automóveis, em relação ao total da frota baiana, correspondeu à 49,3% em janeiro de 2009. E, após uma década, era responsável por 44,2% dos veículos emplacados no estado. Os automóveis tiveram a participação relativa reduzida.
Os utilitários que representavam 0,3% da frota de veículos no início de 2009, refletiram 0,7% em janeiro de 2019. Vale ressaltar que apesar da ínfima participação relativa desse meio de transporte versátil, houve um incremento de 413,2% no número de utilitários emplacados no período. Em termos absolutos, em janeiro de 2009, havia 5.993 unidades. Uma década depois, o total de utilitários era de 30.758, na Bahia, o que representa um acréscimo de 24.765
unidades.
A variação percentual dos utilitários só não superou a de ciclomotores (8.921,6%) e a de triciclos (1.540,7%). Em janeiro de 2009, existiam apenas 185 ciclomotores com placas. No mesmo mês de 2019, esse número correspondeu à 16.690. Todavia, essa elevação reflete, possivelmente, a obrigatoriedade de emplacamento de veículos de baixa cilindrada apontada em resolução do Conselho Nacional de Trânsito de 2015. Seguindo a mesma linha, o número
de triciclos emplacados passou de 150 para 2.461 unidades.
Houve um incremento de 160,8% no número de motocicletas que passou de 498.022 unidades para 1.298.883 unidades. Em 2009, 27,4% da frota de veículos da Bahia eram motocicletas. Em 2019, esse percentual alcançou 31,3%. E a percentagem das motonetas na frota passou de 3,6% (65.582 unidades) a 4,7% (193.878 unidades).
Houve um acréscimo de cerca de 213 mil unidades de caminhonetes na frota baiana. Em janeiro de 2019 esse número totalizou 360.166 unidades. E, o total de ônibus era mais modesto. Em 2009, existiam apenas 22.719 veículos de transporte coletivo emplacados no estado. Em 2019, o número de ônibus completou 39.884 unidades.
O número de veículos do estado dobrou em uma década. Em relação a mobilidade, os meios de transporte que propiciam maior facilidade de locomoção e possuem menor valor de aquisição e manutenção ocupam maior espaço na frota da Bahia. Políticas impulsionaram a aquisição de veículos no início do período. Apesar do desaquecimento da economia nacional, o setor fechou o intervalo de dez anos com resultados positivos na frota da Bahia.

Lu Nascimento é economista, pesquisadora e PhD em Recursos Naturais pela University of New Hampshire, EUA

Sobre o Autor

Roberto Nunes

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