Serviços

Segurança no trânsito: um pacto para o futuro da mobilidade

Escrito por Roberto Nunes

Por Victor Moraes*

O avanço dos veículos elétricos leves no Brasil expõe um paradoxo que há anos se repete nas cidades: a inovação chega antes das regras, e as ruas acabam funcionando como laboratório improvisado. Em 2026, quando entram em vigor as novas normas do Contran para ciclomotores, bicicletas elétricas e equipamentos autopropelidos, o país finalmente começa a corrigir essa defasagem. Mas o debate não deveria ser sobre burocracia, e sim, sobre responsabilidade coletiva.

Ciclomotores passam a exigir habilitação, registro e emplacamento. Bicicletas elétricas só poderão operar com pedal assistido, sem acelerador. E a circulação de veículos leves será restrita a ciclovias e ciclofaixas, seguindo padrões básicos de sinalização e segurança. Nada disso é excessivo. É o mínimo para organizar um trânsito que se tornou, nos últimos anos, terreno fértil para acidentes evitáveis.

A reação contrária às regras costuma mirar no argumento da “barreira” à mobilidade. Mas é justamente a ausência de parâmetros claros que tem colocado entregadores e ciclistas, muitos deles trabalhadores informais sem proteção social, no centro de uma dinâmica perigosa. A combinação entre equipamentos potentes, circulação indevida em vias rápidas, falta de preparo técnico e pressões de produtividade transformou uma alternativa de transporte em fonte crescente de risco.

Ignorar essa realidade alimenta uma lógica perversa: a ideia de que os mais vulneráveis devem se adaptar ao caos, não o contrário. As normas do Contran não resolvem tudo, mas dão início ao que deveria ser consenso, a necessidade de proteger quem está mais exposto.

O desafio agora é de execução. Toda vez que uma nova economia surge, como aconteceu com os apps de transporte e agora com a rápida expansão do delivery, é fundamental que o poder público, as empresas e os entregadores atuem juntos. Só a construção coletiva das regras garante um modelo que funcione para todos. Quando governo, setor privado e trabalhadores colaboram, cria-se um ambiente mais seguro, equilibrado e capaz de promover uma convivência harmoniosa no trânsito e na cidade.

Mobilidade é convivência. Ruas seguras não surgem por decreto, mas por pactos possíveis: regras claras, fiscalização contínua e respeito mútuo. As novas medidas são um passo inicial. O próximo exige algo mais difícil: reconhecer que tecnologia sem responsabilidade não melhora a cidade. Apenas acelera seus problemas.

A mobilidade urbana brasileira vive um ponto de virada. A partir de 2026, novas regras de circulação para veículos elétricos e leves entram em vigor, estabelecendo parâmetros mais claros sobre quem pode conduzir, onde pode circular e em quais condições. O objetivo é simples e urgente: aumentar a segurança nas ruas e proteger especialmente os entregadores, ciclistas e usuários que convivem diariamente com o risco no trânsito.

* Victor Moraes, CEO da Bliv, plataforma integrada de mobilidade elétrica e gestão de frotas inteligentes voltada a quem vive da entrega, com parceiros como 99 e iFood.

Sobre o Autor

Roberto Nunes

Deixe um comentário