Automotivo

Interesse pela compra de carros elétricos seminovos

Escrito por Roberto Nunes

O futuro da mobilidade é elétrico, e o Brasil acelera rumo a essa transformação. Com o crescimento exponencial das vendas de veículos eletrificados, um aumento de 91% em 2023 em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o interesse por modelos seminovos ganha força. Nesse cenário, o consórcio desponta como uma opção viável e estratégica para quem deseja aderir à mobilidade elétrica de forma planejada.

Apesar da expansão, a acessibilidade ainda é um obstáculo. Um carro elétrico novo pode custar a partir de R$ 120 mil, valor que ainda está fora do alcance da maioria da população. Segundo Mateus Sandmann Afonso, especialista em carros elétricos e criador do Eletricarbr, esse cenário reflete um problema estrutural do mercado automotivo brasileiro. “Os carros no Brasil, de forma geral, são caros. A população recorre mais aos usados do que aos novos, o que faz com que a depreciação da frota seja mais lenta”, explica. Ele destaca ainda que, enquanto cerca de 2,5 milhões de carros novos são vendidos por ano no país, o número de veículos usados negociados chega a 15 milhões, segundo dados da Federação Nacional dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto).

 

Esse descompasso impulsiona o interesse por soluções alternativas, como o consórcio, que oferece uma forma de compra sem juros e com planejamento financeiro. Ao optar por essa modalidade, o consumidor paga parcelas mensais acessíveis, acumula recursos e, ao conquistar a carta de crédito, pode negociar diretamente a compra do seu veículo seminovo, muitas vezes com vantagens sobre quem financia.

A falta de padronização tecnológica, o que poderia ser um obstáculo para o mercado de usados, não é considerada um problema significativo no Brasil. “O tipo de carregador já está praticamente unificado, a exemplo do conector Tipo 2/CCS2. A tecnologia das baterias, por sua vez, ainda não apresenta grandes variações que impactem o pós-venda”, afirma o especialista.

Além disso, a infraestrutura de eletrificação está em constante evolução. Empresas fabricantes de baterias têm investido em tecnologias de reciclagem e armazenamento, preparando o país para uma frota sustentável. “A demanda por baterias para armazenar energia cresce junto com o investimento em fontes renováveis. A reciclagem já está sendo explorada com seriedade por empresas brasileiras”, complementa Afonso.

 

E por que o consórcio é uma boa alternativa de compra de elétricos seminovos?

Neste contexto de alto custo para aquisição de carro elétrico, mesmo no mercado de seminovos, o consórcio tem se destacado como uma alternativa de planejamento financeiro, especialmente para consumidores que buscam evitar os custos elevados dos financiamentos tradicionais, que incluem juros significativamente maiores. Segundo dados do Klubi, única fintech autorizada pelo Banco Central a operar como administradora de consórcios no Brasil, o percentual de intenção de compra de carros elétricos ficou em 19% em 2025. Esse percentual chama a atenção, considerando o cenário ainda limitado de elétricos circulando no Brasil.

 

“Diferentemente do financiamento, o consórcio é estruturado com uma taxa de administração diluída ao longo das parcelas, o que pode resultar em um custo total mais baixo. Ao conquistar o crédito, os membros têm acesso à carta de crédito para a aquisição do veículo à vista, o que permite maior poder de negociação no momento da compra”, explica Chelington Santos, especialista de consórcio do Klubi.

 

A carta de crédito também oferece flexibilidade de escolha dentro do valor contratado, possibilitando a aquisição de diferentes modelos de carros elétricos seminovos, conforme disponibilidade de mercado. Esse modelo de aquisição tem ganhado espaço à medida que cresce o interesse por veículos eletrificados no país, impulsionado pela busca por soluções de mobilidade mais econômicas e sustentáveis.

 

“Ao permitir que o consumidor planeje a compra com antecedência e negocie à vista, o consórcio se torna uma ferramenta eficiente para viabilizar o acesso a veículos elétricos, especialmente no mercado de seminovos, que tende a crescer nos próximos anos”, afirma Chelington.

 

Mais do que uma mudança tecnológica, a eletrificação da frota representa uma transformação no comportamento de consumo e na relação dos brasileiros com a mobilidade. “A evolução desse mercado envolve não apenas a adoção de novos modelos de veículos, mas também a adaptação de cadeias produtivas, políticas públicas e hábitos culturais. Nesse processo, soluções acessíveis de aquisição dos automóveis passam a integrar um movimento mais amplo e importante de transição energética e modernização do setor automotivo nacional”, afirma Mateus.

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