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Metaverso; especialista mostra 6 tendências do segmento

Escrito por Roberto Nunes

De acordo com uma pesquisa realizada pela Accenture, o metaverso deve movimentar cerca de US$ 1 trilhão até 2025. A pesquisa também mostra que 55% dos consumidores desejam ser usuários ativos do metaverso e quase todos (90%) desejam fazê-lo dentro dos próximos 12 meses. E o metaverso está mais vivo do que nunca: a Apple, a maior empresa do planeta, anunciou recentemente o Apple VisionPro, trazendo o assunto de volta à tona e provando que é preciso que o mundo esteja atento ao tema.

 

A indústria automotiva é um dos segmentos que já se beneficiam das inovações como o metaverso – que não para de avançar e crescer. Uma das marcas gigantes do setor automobilístico esportivo, a Stock Car, acaba de anunciar sua entrada no metaverso com colecionáveis digitais e benefícios para fãs. A parceria da marca com o metaverso Upland vai incluir o lançamento de NFTs, eventos e vantagens físicas para compradores.

 

Mas como a indústria automobilística, em geral, pode se adaptar ao metaverso? Kenneth Corrêa, professor de MBA da FGV e especialista em novas tecnologias, inteligência artificial e metaverso, conta como isso já está acontecendo. “Quando falo sobre o tema, gosto sempre de reforçar que as coisas já estão acontecendo. O metaverso já está gerando valor no setor de mobilidade, por exemplo, ao passo que o metaverso industrial já está possibilitando que os fabricantes de veículos melhorem o design, a produção e o serviço dos automóveis”.

 

O especialista fala sobre 6 importantes tendências e perspectivas do metaverso na indústria automobilística, confira!

Oportunidades de negócios

O metaverso industrial já está transformando a maneira como as pessoas projetam, fabricam e interagem com entidades físicas em várias indústrias, incluindo a indústria automotiva. O Omniverso da BMW e da NVIDIA já entrega uma plataforma para desenvolvimento e prototipação de automóveis e peças, por exemplo. Além disso, o metaverso pode ajudar os fabricantes de veículos a melhorar o design dos automóveis, permitindo que estudem como a luz se reflete em um espelho, experimentem a acústica interna de um veículo ou vejam como seria o chassi antes de ser construído.

Experiência do consumidor

O metaverso também pode ajudar os fabricantes de veículos a expandir suas redes de serviços, facilitando o treinamento e a licença de técnicos terceirizados em locais distantes, além de permitir uma melhor interação com os clientes. Também é possível que as fábricas envolvam os compradores de carros de forma mais próxima no processo de desenvolvimento (o cliente pode fazer um test drive no metaverso, de um modelo que ainda nem chegou às concessionárias). As concessionárias também já estão realizando experiências com os óculos de realidade virtual, onde os clientes (apoiados pelos vendedores ou sozinhos) examinam gêmeos digitais dos veículos, podendo avaliar o espaço interno, porta malas, painel, comandos, ajudando na visualização dos modelos.

Manutenção e reparo de veículos

 

A realidade aumentada pode ser – e já é – usada para treinar técnicos no processo de manutenção. A Daimler Trucks da América do Norte já experimentou com um projeto piloto usando RA para treinar e guiar seus técnicos durante manutenções específicas. A Volkswagen na Alemanha tem um projeto para ajudar técnicos a identificar e diagnosticar problemas em veículos. O sistema chama-se MARTA.

Capacitação de trabalhadores

Já existem plataformas para educação e treinamento que estão sendo usadas por empresas de todos os setores. Especificamente no segmento auto, você pode subir um (ou mais) objetos 3D dentro de um espaço (um modelo de peça, um carro inteiro, um motor todo desmontado), e as pessoas usando óculos de realidade virtual interagem com aqueles objetos, vendo eles mais de perto, mudando o tamanho, encaixando peças. Isso resulta em uma experiência muito mais imersiva e sem limites físicos para disponibilidade de peças, podendo inclusive fazer os treinamentos com modelos 3D que ainda nem foram produzidos fisicamente, apenas com os protótipos. Recentemente, empresas como GO Mobile AG e Kawasaki Heavy Industries demonstraram como estão usando realidade mista e gêmeos digitais para capacitar os trabalhadores da linha de frente, otimizar os processos de fábrica e obter resultados no metaverso industrial.

Descentralização

Espera-se que o metaverso molde o futuro da indústria automotiva ao descentralizar e transformar a fabricação e o design. Com modelos mais acessíveis de óculos de realidade virtual, isso dá acesso a empresas menores e até a profissionais freelancers. Isso aumenta exponencialmente a quantidade de pessoas que agora já podem criar, aumentando também o produto final, ou seja, o que é criado lá na ponta.

 

Interação entre carros autônomos e metaverso

A Meta desenvolveu com a BMW uma parceria para os óculos de realidade virtual funcionarem perfeitamente dentro de um carro. Quando a Apple lançou o device dela, esse também já foi um ponto inicial de preocupação: funcionar no avião e no carro. Ou seja, está todo mundo querendo ocupar aquele tempo que a gente vai passar dentro de um carro autônomo. E essas duas empresas estão apostando que parte integrante desse passatempo será usar os óculos delas!

E quais são os desafios?

Os desafios também fazem parte do desenvolvimento e crescimento do metaverso na indústria automobilística. Ainda são poucos os consumidores que possuem óculos de realidade virtual: cerca de 100 milhões no mundo todo. As soluções existentes ainda não estão maduras, então existem muitos bugs e necessidade de melhorias. A parte háptica/tátil (para sentir feedback físico do mundo virtual) ainda é muito inicial, então os trajes e acessórios para deixar a experiência mais realista ainda necessitam de muita pesquisa, desenvolvimento e protótipos.

 

Como toda nova tecnologia, existe uma resistência das pessoas (e dos processos nas empresas) para se adaptar ou passar a incorporar uma nova tecnologia no dia a dia.

Especificamente sobre os óculos de realidade virtual, ainda existe um percentual alto (20-25% das pessoas) que sentem enjoo quando utilizam os óculos, fenômeno chamado de cinetose.

 

“Como nossa vida digital é cada vez mais relevante, cada vez mais ocupa nosso dia e atenção, uma vez que as pessoas começarem a trocar mais experiências presenciais pelas digitais, toda a lógica de mobilidade muda também. O metaverso terá impacto nas empresas automotivas em todos os níveis da cadeia de valor, com interações mais imersivas e envolventes com os clientes, relacionamentos mais próximos com fornecedores e processos de produção mais eficientes”, finaliza Kenneth.

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Kenneth Corrêa – especialista em inovação, negócios digitais, novas tecnologias, inteligência artificial e metaverso. Professor de MBA da FGV. Há mais de 15 anos desenvolve e monitora projetos de marketing e tecnologia, atendendo empresas como Suzano, Mosaic Fertilizantes, Leica Microsystems, entre outras. Diretor de Estratégia da agência 80 20 Marketing.

Sobre o Autor

Roberto Nunes

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