Motocicletas

Números otimistas projetam 2024 como o ano das motocicletas

Escrito por Roberto Nunes

O ano de 2024 promete ser o da mobilidade em duas rodas. As previsões da indústria e do mercado de motocicletas desenham um cenário favorável, que não se via desde o início da década passada. A Abraciclo, a associação dos fabricantes de motos no Brasil, estima um volume de produção próximo a 1,7 milhão de unidades, um aumento de 7,4% em relação a 2023. Por sua vez, a Fenabrave, que reúne os concessionários, projeta a comercialização de 1,83 milhão de motos zero-quilômetro até dezembro, um acréscimo de 16% na comparação com o ano anterior.

 

Esses números mostram um desempenho semelhante ao praticado em 2012, antes da crise que derrubou as vendas. “Nossa meta é seguir crescendo de forma sustentável e retornar ao patamar de produção de dois milhões de unidades nos próximos anos”, observa Marcos Bento, presidente da Abraciclo.

 

O segmento de motos já havia experimentado um crescimento significativo no número de emplacamentos em 2023, o que fez dele o de maior relevância em vendas do setor automotivo brasileiro no período. O incremento atingiu 16,1% em comparação com 2022, conforme dados da Fenabrave.

 

“A motocicleta continua sendo um meio de transporte ágil, flexível e, sobretudo, com baixa ocupação de espaço viário, facilitando o estacionamento e a locomoção”, diz Bento, como justificativa à retomada do modal como um dos meios de transporte preferidos da população.

 

*Maior concessão de crédito e queda na inadimplência*

 

De acordo com o diretor de Operações da concessionária Honda Blokton, Rudney Doscher, as previsões de aumento nas vendas de motos também encontram respaldo nos cenários macroeconômicos do Brasil, considerando fatores como as expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), redução no índice da inflação, queda gradual na inadimplência e confiança do consumidor.

 

“A diminuição gradual da inadimplência deve reduzir a insegurança dos bancos na oferta de crédito. Isso dá condições para o consumidor ter mais alternativas para adquirir o seu bem de consumo”, ressalta.

 

Outro componente desta equação é a diminuição no nível de desemprego no país, que fechou na casa dos 7% em 2023. Doscher explica que esse panorama resulta no aumento da renda do brasileiro e, consequentemente, do número de clientes com capacidade para adquirir motocicletas por meio de financiamento ou de cotas de consórcio.

*Fábricas voltam ao ritmo normal*

 

Um condicionante que vinha afetando as vendas nos últimos meses e que caminha para a normalização é a produção nas fábricas de motos em Manaus (AM). No fim do ano passado, houve dificuldades no recebimento de peças e escoamento da produção devido à forte seca, o que prejudicou a navegação de navios cargueiros pelo rio Amazonas e afluentes.

 

“A Honda já informou sobre um aumento na produção. A Blokton, por consequência, teve também um crescimento nas vendas de títulos de consórcio em 2023. E, quando você tem um aproveitamento melhor na contemplação e disponibilidade de produtos, automaticamente aumenta o número de vendas”, afirma o diretor.

 

Além de todos os aspectos reforçarem o otimismo do setor de duas rodas, alguns lançamentos importantes no mercado devem aquecer a demanda pelo consumidor. Diversas marcas planejam atualizar seus portfólios para atender às novas regulamentações sobre emissões de gases poluentes, que entrarão em vigor em 2025.

A Honda, líder do mercado com 72,5% dos emplacamentos no Brasil, já anunciou 10 novidades até dezembro, incluindo as novas Sahara 300 e Hornet CB 750, além de atualizações dos modelos CG 160, Bros, Pop e Biz, que estão entre os mais vendidos no país.

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Roberto Nunes

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