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Procon-SP notifica empresa de patinetes

Escrito por Roberto Nunes

Da Agência Brasil
A Fundação Procon de São Paulo notificou quatro empresas que alugam patinetes elétricos e bicicletas na capital paulista para que elas forneçam informações sobre o aumento do número de acidentes envolvendo esses meios de locomoção. Segundo o Procon, o objetivo é avaliar se o serviço prestado pelas empresas garante segurança aos consumidores. Foram notificadas as empresas Itaú Unibanco, Rappi Brasil Intermediação de Negócios, Scoo Mobilidade e Yellow Soluções de Mobilidade.
O Procon solicitou informações gerais sobre o serviço, entre elas, as restrições de uso, a velocidade máxima atingida pelos equipamentos, as informações fornecidas aos consumidores sobre riscos e regras de trânsito e a oferta de equipamentos de segurança. “O que nós perguntamos para as empresas é se a informação prestada sobre o risco do serviço é suficiente para o consumidor saber que, apesar de parecer um brinquedo ou uma coisa inofensiva, ele corre risco. Perguntamos também se eles informam sobre a necessidade de itens de segurança bem como se fornecem equipamentos de segurança para o usuário”, disse o diretor de atendimento e orientação do Procon-SP, Rodrigo Tritapepe.
Caso as informações não sejam prestadas, o Procon pode entender que a empresa cometeu uma infração e aplicar penalidades. O Procon também solicitou dados sobre a quantidade de acidentes ocorridos durante a locomoção com patinetes elétricos e bicicletas alugadas. Segundo Rodrigo Tritapepe, apesar de não haver um levantamento com relação a esse número, a fundação tem observado um aumento de casos, o que tem gerado preocupação. “Já temos acompanhado isso há pelo menos 30 dias, com nosso núcleo de pesquisas”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Ainda segundo ele, o Procon está em contado com órgãos de segurança de São Paulo e as secretarias de saúde para tentar contabilizar, oficialmente, o número de acidentes. Com as respostas das empresas que alugam patinetes e bicicletas, o Procon pretende saber ainda se o serviço vem sendo prestado de forma correta. “O patinete é um serviço novo, que teve um boom este ano. É uma novidade para todo mundo. Mas entendemos que a informação deve ser clara, informando o risco para o usuário, oriente ele quanto às regras de trânsito, de velocidade, de tráfego e de condições de uso. E, em segundo, que esse serviço seja bem prestado. Ou seja, o patinete ter perfeita manutenção, ter os freios funcionando, ter estabilidade e que os itens de segurança sejam fornecidos para o consumidor”, disse.

Agência Brasil procurou a Secretaria de Segurança Pública e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para obter um levantamento sobre o número de acidentes provocados pelo uso de patinetes, mas nenhum dos dois órgãos tem esse dado.
A assessoria de imprensa do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo informou que também não tem um levantamento sobre o número de acidentes envolvendo o uso de patinetes elétricos. O hospital informou ainda que não atende casos de baixa complexidade, tais como arranhões ou torções, os mais comuns em acidentes envolvendo patinetes.
Além do lazer, o patinete elétrico vem sendo utilizado, na capital paulista, como forma rápida de locomoção em curtas distâncias e, algumas vezes, para atividades de trabalho.
“Agora estou indo para uma reunião, por exemplo, aqui na Paulista”, disse Vitor Mograbi, 34 anos, ao ser abordado pela reportagem da Agência Brasil na ciclovia da avenida localizada na região central da cidade.
Ele disse que considera seguro o uso do equipamento, principalmente, em ciclovias e destacou que nunca se envolveu em acidentes.  Para ele, modais como bicicletas e patinetes facilitam o transporte na cidade. “E sem pegar o trânsito de São Paulo”, acrescentou.
Gustavo Kenji, 30 anos, disse que costuma usar o serviço pelo menos uma vez a cada duas semanas. Ontem, no horário do almoço, ele trafegava pela ciclovia da Avenida Paulista em um patinete. “Hoje eu tive uma reunião. Então era mais fácil pegar um patinete do que táxi ou Uber”, contou à reportagem.
Ele afirma que nunca sofreu acidentes, mas que sabe da existência dos riscos. “Se não souber controlar, é perigoso”. Kenji defende ainda uma maior organização por parte das empresas. “Vale a pena, mas tem que ser mais organizado. Tem que ter os locais certos para estacionar. Vejo as vezes bicicletas jogadas em frente a uma casa. Se eu fosse o dono da casa, iria achar ruim”
Saulo Polido, 33 anos, afirma que o equipamento é prático e substitui o carro em curtas distâncias. “Uso pela praticidade do acesso entre os locais. Eu tinha uma visita no começo da [Avenida] Paulista e uma visita a um cliente no final [da avenida]. Então estacionei o carro no começo [da avenida], deixei ele lá. Peguei o patinete e estou indo para a segunda visita”, disse.
Polido disse que usou duas vezes o patinete elétrico na cidade. Na primeira oportunidade, sofreu uma queda, sem gravidade. “Caí a primeira vez. Aqui na Paulista, inclusive. Mas por imprudência minha. Eu estava brincando e acabei caindo”, contou.
“Acho que tem que conscientizar bem as pessoas sobre os limites de velocidade porque eu mesmo, na prática, vi que, na imprudência, você pode se machucar e machucar os outros. Acho que tem que regulamentar”, destacou. “Não dá para exigir que se tenha habilitação para patinete. É algo absurdo. Acho que é só questão de bom senso e as empresas fazerem alguns vídeos tutoriais ou algo assim porque qualquer um consegue andar, não tem muita limitação”, acrescentou.

Circulação com patinetes elétricos invadiram as ruas das grandes cidades nos últimos meses.

Procurada pela Agência Brasil, a Yellow informou que foi notificada ontem (7) e que está em contato com o Procon para “alinhar a melhor forma de fornecer os dados solicitados”. A empresa disse ainda que todos os novos usuários precisam passar por um tutorial que fornece orientações de segurança antes de começar a usar o aplicativo e que as orientações e dicas de segurança estão disponíveis para consulta permanente nos sites da empresa. A Yellow acrescentou que vai doar aos seus usuários 20 mil capacetes até o final do ano, sendo que 2 mil foram entregues até este momento, e que vai inaugurar uma academia com oferta de cursos gratuitos sobre condução de patinete e de bike.
Já o Bike Itaú, informou que, desde que começou a ser operado pela startup Tembici, nunca registrou um acidente grave envolvendo bicicletas e usuários. “Ao longo de 2019, após a realização de mais de 4 milhões de viagens em 100 dias, foram reportados 0,0001% de acidentes de usuários pedalados com as nossas laranjinhas”, diz a empresa, em nota. Segundo a empresa, desde janeiro do ano passado, as bicicletas oferecidas ficaram mais seguras, com sistema de freios rollerbrake, que garante freadas mais seguras, refletores frontais e traseiros com sistema de iluminação, pneus com lados reflexivos e configuração de marchas para três velocidades.
A Scoo informou que “é a única empresa hoje no Brasil que obriga o uso do capacete pelos seus clientes pensando justamente na segurança”. A empresa informou ainda que tem profissionais uniformizados nas estações de patinete que passam orientações sobre o uso correto do equipamento, além de fornecer gratuitamente o capacete, que é devolvido pelo consumidor após o uso em outra estação. A Scoo também disse que orienta seus usuários a não ultrapassar o limite de velocidade de 6km/h nas ciclovias.
A Rappi foi procurada pela reportagem, mas não respondeu a solicitação até a publicação desta matéria.

Por meio de nota, a Yellow deu algumas dicas aos usuários de patinetes e de bikes. Segundo ela, é preciso planejar antes o caminho, usar sempre o capacete bem preso à cabeça e bem ajustado, não trafegar com mais de uma pessoa, ter idade mínima de 18 anos para locação de equipamentos, dar sempre preferência ao pedestre, não usar celular com fone de ouvido enquanto conduz a bicicleta ou o patinete, não ingerir álcool, respeitar os semáforos e sinalizações de trânsito e estar atento a irregularidades na vias tais como buracos e galhos que possam oferecer risco ao trajeto.
Já o Procon orienta o consumidor a não trafegar entre os carros. “Dirija com cuidado, respeite as regras de trânsito, evite vias movimentadas. As empresas realmente precisam prestar essa informação e fornecer o equipamento de segurança”, disse Tritapepe.
Caso ocorra um acidente, a empresa não forneça as informações corretamente ou o consumidor observe que o equipamento não está em boas condições, o usuário pode buscar seus direitos. “A empresa pode ser multada e sofrer as consequências legais. O Procon tem seus canais para recebimento de reclamações ou o aplicativo que pode ser baixado no celular, onde se pode fazer o registro dessa reclamação”, ressaltou o diretor do órgão.

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