Mercado

Automação exige mais investimentos do setor automotivo

Escrito por Roberto Nunes

Pesquisa da italiana Gi Group Holding, uma das líderes mundiais do setor de recursos humanos, revela os impactos no mercado de trabalho brasileiro das transformações na indústria automotiva. Para 95,1% dos respondentes, a introdução acelerada de novas tecnologias nas empresas levou à automatização de muitas funções, do chão de fábrica às mais especializadas, afetando, principalmente, os trabalhadores manuais (64,5%), engenheiros e projetistas (54,8%), pessoal de escritório (48,4%) e vendedores (38,7%).

Mais tecnológicas, as fábricas precisaram criar postos de trabalho para o novo perfil de produção, como ressalta a maioria dos pesquisados (90,4%), o que aumentou a procura por colaboradores com competências técnicas avançadas, para 93,5% do universo pesquisado, bem como por funcionários que combinam habilidades técnicas e não técnicas (87,1%).

Mais da metade dos respondentes (56,5%) afirma que as mudanças tecnológicas “permitiram que os funcionários assumissem responsabilidades mais estratégicas ou de nível superior em suas funções”. Segundo 58,1%, a automatização tem exigido mais programas de formação ou de melhoria de competências a fim de assegurar a utilização eficaz das tecnologias introduzidas nas indústrias.

A formação em competências digitais (51,6%), oportunidades de acompanhamento profissional (48,4%) e programas de mentoria para crescimento e orientação profissional (46,8%) são as atividades mais citadas pelos pesquisados, seguidas por oficinas e cursos de formação profissional (46,8%) e feedback de desempenho e coaching para melhorar habilidades (41,9%).

“A pesquisa mostra que os desafios e transformações pelas quais passam a indústria automobilística têm exigido um grande esforço de reskilling e upskilling no desenvolvimento de novas competências e fortalecimento de algumas já existentes. Um exemplo é o modelo de carro por assinatura, que gera uma mudança na forma como as montadoras estabelecem e constroem o relacionamento com seu cliente, que agora é um tomador de diferentes serviços junto à montadora no momento que o contrato de carro por assinatura é feito”, explica Renato Soares, diretor da Tack TMI Brasil, unidade de treinamento e desenvolvimento da Gi Group Holding.

Realizada em parceria com a maior universidade de tecnologia da Itália, a Politecnico di Milano, e a empresa de inteligência de dados INTWIG Data Management no Brasil, Estados Unidos, China, Reino Unido, Alemanha, França, Hungria, Itália, Japão, Espanha e Polônia, a pesquisa envolveu entrevistas com 6,5 mil profissionais.

Globalmente, o estudo da Gi Group revela que, na média dos países pesquisados, treinamento de habilidades digitais (39,1%), workshops e cursos vocacionais (36,6%), e programas de mentoria e orientação profissional (33,4%) lideram. Vale ressaltar que os entrevistados puderam mencionar mais de uma opção.

“No entanto, as definições das ações de treinamento devem responder tanto aos movimentos e evoluções de mercado quanto à estratégia de negócio que está sendo estabelecida. E tomar decisões sobre o que focar em termos de treinamento, em um contexto de grande volatilidade e transformação, podem ser menos difíceis quando olhamos a estratégia da empresa. Volto mais uma vez ao ponto do serviço de carro por assinatura. Para as montadoras que estão oferecendo diretamente esse serviço, além da sua rede de concessionárias, talvez um programa formação focado na experiência do cliente, que reflita tantos conceitos gerais quando o tipo de experiência que a montadora deseja oferecer a seus clientes, possa ser uma necessidade”, diz Renato Soares.

Salários, média de 1 mil euros no Brasil

Baseado em dados de 2022 da indústria automotiva sobre a média salarial no setor, a pesquisa chama a atenção ainda para a forma como a indústria automotiva atua nesse sentido a fim de atrair e manter profissionais qualificados: apenas 8% das empresas usam a estratégia de remuneração maior para reter talentos. “Usar remuneração como estratégia de retenção, por si só, não costuma ter tanta força quando você ter integrado a força da marca empregadora e oportunidades de crescimento e desenvolvimento profissional. A indústria automotiva é um segmento que está conectada a uma imagem de modernidade, de avanço tecnológico e isso já é um importante ponto de atratividade de profissionais”, complementa o diretor da Tack TMI Brasil.

A média salarial no setor automotivo brasileiro está em torno de 1 mil euros, em 2023, conforme a pesquisa. O valor é similar apenas ao da Polônia e Hungria. Na Espanha, se aproxima de 2 mil euros, enquanto na China, Alemanha, França, Itália e Japão está perto de 2,5 mil euros. No Reino Unido e Estados Unidos, ultrapassa 4 mil euros.

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