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Explosão de carros com GNV retrata os riscos da falta de fiscalização

Escrito por Roberto Nunes

Dois episódios de explosão de veículo equipado com Gás Natural Veicular (GNV) na mesma semana, ambos em postos da rede Ipiranga, alertam para a falta de medidas de segurança obrigatórias para o uso desse equipamento. De acordo com a Federação Nacional dos Organismos de Inspeção Veicular (FENIVE), o aumento no preço dos demais combustíveis atrai novos consumidores para a conversão para o GNV e por isso a fiscalização deve ser reforçada, incluindo o atendimento nos postos.

 

Um dos casos foi registrado no dia 16 de março, quando um cilindro contendo Gás Natural explodiu dentro de um carro e destruiu o veículo, em um posto de combustíveis na região entre Fortaleza e Maracanaú, no Ceará. Com o impacto da explosão, o cilindro foi parar em um terreno a cerca de 60 metros do posto, com uma parede danificada e um segundo carro atingido pelo objeto. Apesar disso, não houve feridos. O segundo caso ocorreu também em um posto de combustível, em Ramos, Zona norte do Rio de Janeiro, quando o equipamento de GNV explodiu, danificando completamente o veículo e o teto do posto.

Estados como o Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Goiás, já contam com legislações específicas que exigem que o motorista comprove o Selo GNV para abastecer o veículo. De acordo com o presidente da FENIVE, Everton Pedroso, essas situações de explosão ocorrem por uma sequência de irregularidades. “O proprietário do carro instala um equipamento irregularmente, nem sempre fazem a inspeção obrigatória e não regularizam o veículo e no posto não exigem a apresentação do selo do GNV no momento do abastecimento. O posto tem a obrigação de exigir este selo, pois casos como esses de explosão podem acontecer se não estiver tudo dentro dos padrões do Inmetro”, explica Pedroso.

 

A conversão deve ser realizada exclusivamente em empresas credenciadas pelo Instituto de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) e devem passar por inspeção técnica para receber o certificado de segurança veicular.

 

A legislação federal determina a inspeção veicular anual inicial e periódica obrigatória para a renovação do Certificado de Segurança Veicular (CSV). A inspeção tem o objetivo de verificar fixação do suporte, se o cilindro está dentro da validade e se tem alguma avaria aparente, além de conferir o sistema de ventilação, o redutor de pressão, verificar pontos de possível vazamento, entre outras medidas que asseguram a qualidade da instalação do equipamento.

 

Após avaliação, o proprietário recebe o selo de inspeção, que comprova que o kit GNV, naquele momento, não apresentava vazamentos e que todos os componentes estavam dentro das normas de instalação e segurança previstas. Porém, a falta de fiscalização permite que sejam feitas alterações no sistema GNV e até a instalação do kit de conversão clandestinamente. “Há muitos proprietários que fazem a instalação de forma clandestina dos veículos e sequer passam por qualquer tipo de procedimento junto aos órgãos competentes, colocando em risco a vida das pessoas”, comenta Pedroso.

 

Uma lei já em vigor – desde 5 de janeiro de 2022 – no Estado de Santa Catarina obriga os postos de GNV do estado a liberarem o abastecimento de veículos apenas por meio da identificação eletrônica e validação de autenticação do selo GNV, por intermédio de um chip. O chip está inserido no próprio selo GNV e entregue ao consumidor após a inspeção veicular.

 

De acordo com o presidente da FENIVE, essa deveria ser uma regra nos demais estados, pois garante um controle maior na qualidade dos equipamentos. Em Santa Catarina, os organismos de inspeção estão entregando o selo ao consumidor com o chip sem custo adicional.

 

 

 

Veja outras dicas de segurança para atendimento de veículo com GNV em postos de combustíveis:

 

Solicitar o selo do GNV

O motor do veículo deve ser desligado

Devem ser desligados todos os componentes da parte elétrica, como faróis e equipamento de som

Não utilizar o telefone celular

Os ocupantes do veículo devem aguardar em local seguro, afastado do veículo

Equipamentos elétricos e eletrônicos devem permanecer desligados

O porta-malas e o capô devem ficar abertos

O frentista deve fazer o aterramento próximo à válvula do abastecimento

É proibido fumar ou usar isqueiros ou fósforos na zona de abastecimento

Antes de ligar o veículo, verificar se a mangueira de abastecimento foi devidamente desconectada.

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Roberto Nunes

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