Do site Trovão Motor
Após quase 10 anos desde a primeira vez que se falou da sua vinda para o Brasil, o Kia Rio enfim faz sua estreia no mercado nacional. Ele desembarca na quarta geração, com preços que partem de R$ 69.990. A marca culpa as variações do dólar e a alta carga tributária pelas várias tentativas frustradas de trazer o carro. Mas também houve uma aposta no Picanto como o produto para brigar entre os hatches compactos, que acabou derrapando no segmento.
Com a fabricação no México, a partir de 2016, o que desonera a importação, e a saída de cena do Picanto, o Rio passou a ser uma realidade para o Brasil. Além disso, a credencial do carro lá fora tornava a sua chegada por aqui quase uma obrigação: o Rio é um dos veículos mais vendidos na história da montadora sul-coreana. Foram 6,7 milhões de unidades comercializadas pelo mundo desde 2000, quando foi lançado.
Apesar da forte concorrência pela frente, a Kia está otimista na aceitação do modelo, especialmente pela identificação do nome, feita de forma não intencional pela empresa sul-coreana – a referência são para os rios de água doce. Mas, por enquanto, projeta um fatia pequena no bolo dos hatches compactos: somente 2%, o que significa algo em torno de 200 unidades emplacadas por mês – quase a mesma média mensal do Citroën C3 em 2019.
“É um modelo que tem tudo a ver com o Brasil. Seu nome ainda remete, mesmo que não intencionalmente, ao Rio de Janeiro, cidade-símbolo do nosso país e referência em belezas naturais, musicalidade e estilo de vida.”
José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors do Brasil
Classificado pela Kia como um compacto premium, o Rio vai brigar com Volkswagen Polo, Fiat Argo, Toyota Yaris, Citroën C3, Peugeot 208, além das versões mais completas de Hyundai HB20 e Chevrolet Onix. A cartilha dos carros asiáticos tem como regra básica a boa oferta de equipamentos de série. E o Rio não fica atrás. A versão de entrada LX já vem com direção elétrica, sistema multimídia com tela de 7” sensível ao toque e conexão Android Auto e Apple CarPlay, controle de frenagem em curva, sensores de iluminação e de pressão dos pneus, câmera de ré, rodas de liga leve 15” e luzes de neblina.
A EX acrescenta ar-condicionado digital, retrovisores com rebatimento automático, revestimento de couro (bancos, volante e alavanca de câmbio), controlador de velocidade, USB para o banco de trás, faróis direcionais e luzes diurnas em led.
O modelo vem ainda com dois recursos importantes de segurança:
Gestão de Estabilidade do Veículo (VSM): atrelado ao controle de estabilidade, que atua em pisos molhados e escorregadios, mantendo o veículo estável quando se acelera ou freia repentinamente.
Controle de Frenagem em Curva (CBC): também conhecido como vetorização de torque, ele monitora e varia a pressão do freio em cada roda, de forma individual, numa frenagem em curva. Isso evita que o carro derrape de traseira ou frente, mantendo-o seguro no curso, mesmo que os freios tenham sido acionados com força.
O hatch compacto feito no México possui dimensões que o coloca à frente de alguns rivais. A distância entre os eixos, por exemplo, é de 2,58 metros, superior à do Polo, Onix e HB20. Essa medida é o principal requisito para a definição do espaço interno. O banco traseiro do Kia comporta duas pessoas com certo conforto, sem apertos para pernas e cabeça. Na capacidade do porta-malas, o Rio também leva vantagem no segmento. Ele pode transportar até 325 litros de bagagem, contra 300 l de HB20 e Polo, e 289 l do Onix.
O Rio foge um pouco às inovações que a Kia tem aplicado em seus lançamentos mais recentes. Só lembrando que geração atual estreou lá fora em 2016. E deve receber uma atualização na Europa e Ásia ainda neste ano. O hatch segue a assinatura visual da marca, com a grade no formato chamado de “nariz de tigre”. A peça traz acabamento em preto brilhante e liga os faróis, que são em projetores e incorporam a luz diurna em led (na versão EX).
Na era dos motores turbos de baixa cilindrada, ter apenas opção aspirada pode significar pontos perdidos em relação à concorrência. Polo, Onix e HB20 já rodam com o 1.0 sobrealimentado, o que favorece maior agilidade nas respostas, devido ao bom torque em baixas rotações. De qualquer forma, o desempenho do Rio é satisfatório, mesmo que o curto trajeto do test drive no lançamento à imprensa em São Paulo, na região do aeroporto de Guarulhos, tenha inibido uma tocada mais elástica.
O propulsor 1.6 16V flex aspirado não se intimida quando pisamos mais firme no acelerador. São 123/ 130 cv a 6.000 rpm e 16/ 16,5 kgfm (g/e) a 4.700/ 4.500 rpm, associado sempre ao câmbio automático de seis marchas. É o mesmo conjunto do HB20 e do Creta. De acordo com a marca, a ausência da opção manual se justifica pela falta de público nesta categoria. Quanto ao propulsor turbo com injeção direta, a Kia disse que depende da liberação da Hyundai para o uso dele, o que não ocorreu até momento.
O bom isolamento acústico filtra o barulho externo e quase não se ouve o ruído do motor. Numa condução normal, as trocas de marchas acontecem a 2.500 giros, favorecendo o bem-estar na cabine. Já em acelerações mais vigorosas, não como fugir da gritaria debaixo do capô. Como o test drive não incluiu trajetos em rodovias, não foi possível verificar como é o comportamento do Rio neste quesito quando está em velocidade cruzeiro. E tampouco saber como repousa o ponteiro no conta-giros a 100, 110 km/h.
O que chamou a atenção foi a boa estabilidade na mudanças de direção rápidas e em manobras mais fechadas. Usamos uma rotatória para sentir o comportamento ao entrar numa velocidade acima do ideal. O Rio respondeu bem, grudado ao chão e sem demonstrar que poderia sair de traseira. O controle de frenagem em curva também auxilia para manter a estabilidade.
Garantia de cinco anos
Assim como o irmão HB20 (Kia e Hyundai integram o mesmo grupo), o Rio também está coberto de fábrica com garantia de 5 anos ou 100 mil km rodados. Como comparativo, Polo e Onix têm três anos de garantia, por exemplo. A faixa de preço na qual o Rio irá brigar está acima da média da concorrência, considerando a motorização e o nível de equipamentos.
São duas versões: a LX, por R$ 69.990, e a EX, que custa R$ 78.990. A topo de linha bem que poderia ter uma etiqueta mais acessível. Ela só mais em conta que a do Yaris, na relação abaixo. O único opcional é a pintura. A metálica encarece o preço em R$ 1,6 mil, enquanto a perolizada soma mais R$ 2,3 mil. A Kia prevê que a configuração topo de linha será a mais procurada, com 80% das vendas do carro.
Enquanto o volante de dimensão pequena agrada na pegada, o design e o grafismo do quadro de instrumento tem estilo clássico, com mostradores analógicos de velocímetro e conta-giros e com luz branca de fundo. Ou seja, é elegante, porém simples para um compacto premium.
Informações digitais, só aparecem no computador de bordo. Sem chave presencial e botão de partida. Comodidade que já faz parte do universo das veículos acima de R$ 60 mil, a chave presencial não está na lista do hatch “mexicano”. A tecnologia permite abrir e fechar as portas apenas tocando no trinco. E também permitira dar a partida no carro com a chave no bolso ou no console, caso o Rio tivesse um botão para isso.
Outro deslize é o comando “um toque” do vidro elétrico disponível somente para o motorista. As borboletas atrás do volante para as trocas manuais deixou de ser um artigo de luxo em carros automáticos. Ele é um recurso interessante ao motorista que prefere também realizar as mudanças no método tradicional. Se o condutor quiser a troca manual, precisa recorrer à alavanca no console, que deixa de ser tão cômodo como no volante.
O consumo de combustível é um dos fatores que pesam na hora de escolher um carro abaixo dos R$ 80 mil. Afinal, o bolso não é tão fundo assim e qualquer economia é sempre bem-vinda. E frente aos rivais, o Rio fica devendo. Ele recebeu classificação “D” no Inmetro dentro da categoria de compactos e “C” na classificação geral entre todos os modelos vendidos no Brasil.
Note que, apesar de compartilhar o mesmo conjunto mecânico, o Rio tem um desempenho pior que o HB20. A diferença pode ser justificada pela aerodinâmica e pela diferença de peso: o HB20 pesa 1.030 kg, enquanto o Rio tem 1.141 kg. É raro um carro com computador de bordo que não traga a leitura do consumo instantâneo e a autonomia. Mas nos carros da Kia isso não é uma regra. O Rio se junta ao time dos poucos modelos que abrem mão do recurso, que é bastante útil para o proprietário acompanhar o quanto o seu carro está “bebendo”, até mesmo para mudar seu hábito de condução.
“Só” os dois airbags obrigatórios
Carro nessa faixa de preço hoje em dia não se resume duplo airbag obrigatório. No mínimo, os laterais, presentes em quase todos os concorrentes nas versões mais completas – a exceção do C3. O Onix tem seis airbags de série e o Polo, quatro. No HB20 topo de linha também são quatro.
Bem que poderia seguir o mercado mexicano, onde é vendido com seis airbags (frontais, laterais e de cortina). O presidente da Kia Motors no Brasil, José Luiz Gandini, afirmou que se for um desejo dos clientes, a marca trará modelos mais equipados no futuro, criando assim novas versões. Já está certo, por exemplo, a vinda de uma nova configuração em breve (sem preço definido ainda) com rodas de liga aro 17 – por ora, o aro é 15 polegadas .
PRINCIPAIS ITENS DE SÉRIE
Rio LX (R$ 69.990)
Direção elétrica;
controles de estabilidade e de tração;
rodas de liga aro 15;
ar-condicionado;
farol de neblina;
assistente de partida em rampa;
travas e vidros elétricos nas quatro portas;
retrovisores elétricos;
central multimídia com tela de 7”, com conexão Android Auto e Apple CarPlay e câmera de ré;
Controle de Frenagem em Curva (CBC);
Gestão de Estabilidade do Veículo (VSM).
Rio EX (R$ 78.990)
Ar-condicionado digital;
luzes diurnas em led;
faróis com assistência de manobra;
bancos, volante e alavanca do câmbio em couro;
descansa braço;
retrovisores com rebatimento elétrico e aquecimento;
porta com apoio de braço revestido em couro sintético almofadado;
USB para o banco traseiro;
vidro do motorista com “um toque” e antiesmagamento;
controle de velocidade cruzeiro.
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