Automotivo

Proteste faz testes e aponta problemas nas cadeirinhas infantis

Escrito por Roberto Nunes
A PROTESTE realizou teste com cadeirinhas de carro e aponta problema. sA falta de segurança no impacto lateral é uma falha séria e um ponto fraco recorrente nesses produtos, diz a Associação. Com o objetivo de avaliar a qualidade dos produtos comercializados no mercado brasileiro, a PROTESTE, Associação de Consumidores, realizou o teste anual dos Sistemas de Retenção Infantil (SRI), conhecidos como cadeirinhas de carro. Em parceria com o Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e Caribe, o Latin NCAP, a associação testou, desta vez, modelos de bebê-conforto (grupo 0+, até 13 kg).
Redução de até 70% em risco de mortes
Vale lembrar que, independentemente da escolha do consumidor, a criança sempre estará mais protegida no veículo nesse equipamento de segurança. Desde 2010, o uso de cadeirinhas para o transporte infantil no carro é obrigatório porque traz mais segurança e conforto. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a utilização da cadeirinha diminui em até 70% o risco de morte das crianças em acidentes de trânsito. Para o equipamento funcionar bem, deve estar instalado corretamente e seu tipo e tamanho precisam ser de acordo com o peso da criança.
Nas avaliações da PROTESTE, além de trazer as melhores opções de cada segmento, também aponta os produtos com melhor custobenefício. Neste teste, por exemplo, a cadeirinha Burigotto Touring Evolution (R$ 269,10) foi considerada a “escolha certa” da associação. Ao optar por ela na hora da compra, em vez de a Maxi Cosi (R$ 1.079,10), a mais cara do teste e com avaliação um pouco menor, o consumidor deixa de desembolsar R$ 810,00 (comparação entre os preços mínimos). Com essa economia, o consumidor poderia comprar mais três modelos de bebê-conforto da Burigotto.
A falta de segurança no impacto lateral é uma falha séria e um ponto fraco recorrente nesses produtos. No teste, os modelos receberam conceitos entre aceitável e muito ruim nesse critério. Todos permitiram o contato da cabeça do boneco usado no ensaio com a porta do veículo. Porém, os bebês-conforto Chicco, Infanti, Burigotto, Nania e Maxi Cosi apresentaram impactos menos intensos.
Se os pais perceberem que as cadeirinhas são pequenas para suportar uma criança de 13 kg, por exemplo, o ideal é utilizá-las, no máximo, até o filho completar 9 meses de idade e, depois disso, adquirirem um outro modelo. O equipamento antigo deve continuar a ser usado até que o novo seja instalado no veículo.
Já no teste de impacto frontal quase todas as cadeirinhas se saíram bem. A Burigotto, Chicco, Nania e Infanti se destacaram, sendo classificadas como muito boas. Elas seguem o histórico de bom nível de segurança alcançado por modelos do grupo (0+) em testes anteriores. Durante o choque, não houve um deslocamento muito grande dessas cadeirinhas, nem um esforço exagerado do boneco, em especial do pescoço.
Em relação à facilidade de uso, a PROTESTE analisou os manuais e os procedimentos de instalação e de colocação da criança. De forma geral, os dois únicos produtos considerados fáceis de usar, que ganharam conceito bom, foram o Chicco e o Maxi Cosi. Todos os outros se mostraram aceitáveis.
Manuais não trazem informações claras
Os manuais de instrução deixaram muito a desejar, porque não são didáticos e pessoas inexperientes podem não conseguir instalar a cadeirinha de maneira fácil e com total segurança. Alguns livretos não são coloridos e outros não têm ilustrações, nem mostram o curso que o cinto do carro deve percorrer para a instalação. Apenas os modelos Chicco e Maxi Cosi foram considerados aceitáveis.
É importante destacar que, para reproduzir o nível de segurança alcançado nos testes, a instalação correta é fundamental. Caso existam folgas ou o cinto do carro não passe pelos lugares corretos sem dobrar, o desempenho das cadeirinhas durante os impactos pode ser bastante prejudicado. Na instalação, os melhores resultados ficaram com os modelos Chicco e o Maxi Cosi.
Por conta dos resultados positivos da cadeirinha Chicco, sobretudo nos testes de impacto e facilidade de uso, ela conseguiu se destacar na avaliação final, e levou nosso título de melhor do teste. A Burigotto foi a escolha certa, porque também se saiu melhor nesses dois critérios e ainda traz uma boa relação entre qualidade e preço.
Com base nos testes periódicos com cadeirinhas para carro, a PROTESTE entende que as normas brasileiras sobre a segurança automotiva não são tão rigorosas quanto às vigentes em outros países. Veículos e acessórios de segurança comercializados no Brasil, em geral, são menos seguros quando comparados aos da Europa, por exemplo.
Normas precisam ser aperfeiçoadas Mas as normas no Brasil podem ser aperfeiçoadas com base em projetos de lei, como o de número 152/17, em tramitação no Senado. Ele tem como objetivo obrigar a realização de testes de impacto em carros de passeio comercializados no país.
Após a associação desenvolver testes que mostraram a eficiência do dispositivo Isofix nas cadeirinhas, a obrigatoriedade do uso do sistema passou a vigorar em 2018 para modelos novos fabricados no país. A partir de 2020, essa medida vai passar a valer para qualquer veículo vendido no mercado brasileiro, de acordo com regulamento do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) de 2015.
O Isofix é um sistema de fixação de cadeirinhas infantis em dois pontos do banco traseiro dos carros, que garante mais segurança do que prendê-las usando o cinto do carro. O mecanismo ancora a cadeirinha na estrutura do veículo e reduz danos em caso de batidas. Com isso, a criança estaria mais segura porque a forma de fixar é mais eficiente e mais simples.

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Roberto Nunes

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