A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – Abraciclo revisou para baixo, pela segunda vez no ano, a sua estimativa de produção de bicicletas. A nova perspectiva é fechar 2022 com 630 mil unidades fabricadas, o que representa retração de 15,9% na comparação com as 749.320 bicicletas que saíram das linhas de montagem no ano passado.
O vice-presidente do segmento de bicicletas, Cyro Gazola, afirma que o setor está sendo fortemente impactado pela conjuntura econômica que reduziu o poder de compra do brasileiro. “A procura pelos modelos de entrada registrou forte queda. Muitas pessoas postergaram ou simplesmente desistiram de adquirir uma bicicleta”, explica.
Além disso, as fabricantes tiveram que rever o seu mix de produção para atender à demanda do mercado que atualmente pede por modelos de médio e alto valor agregado. “Precisamos rever todo o planejamento, reprogramar as linhas de produção e a cadeia logística”, afirma Gazola. “Isso, no entanto, leva tempo e não acontece de uma hora para outra”, completa.
Gazola destaca, ainda, a crise no abastecimento que está longe de ser solucionada. Cerca de 50% dos itens de uma bicicleta, como quadros, sistemas de freios, transmissões, suspensões e selins são importados de fornecedores globais. “A falta de peças e componentes continuará a comprometer a produção nos próximos meses. É uma crise global, que afeta todas as fabricantes do mundo”, ressalta.
Para reduzir essa dependência do mercado externo, a associação está desenvolvendo um trabalho junto aos fornecedores de peças e componentes para incentivar a nacionalização de produtos e estimular a indústria local. O primeiro passo foi dado em agosto, no 1º. Encontro Empresarial Abraciclo da Indústria de Bicicletas.
Mesmo diante dessas dificuldades, as associadas da Abraciclo mantêm seus investimentos nas linhas de produção e em novas tecnologias. “A mobilidade sobre duas rodas é um movimento que veio para ficar, principalmente nos grandes centros urbanos, onde o ir e vir das pessoas está cada vez mais difícil”, avalia o executivo. “Por isso, é fundamental investir no aprimoramento dos processos fabris que vão resultar em maiores ganhos de qualidade para oferecermos ao consumidor modelos com alto valor agregado”, diz o vice-presidente do segmento de bicicletas.
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