Produção de veículos cai 99% no mês de abril, a pior queda desde 1957 no Brasil

Por Andre Marinho, do site Guia Automotivo 
A coletiva virtual de imprensa hoje (8/5) com o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes,mostrou que o setor está numa crise sem precedentes em produção e vendas e que está insatisfeito com a falta de coordenação do Governo durante a condução do momento de pandemia. Antes diplomático, o presidente foi enfático, “além da alta do dólar e pandemia, quanto mais barulho em Brasília, mais dificuldades na economia”.
De acordo com o site Guia Automotivo, as palavras do presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, foram duras: “a situação é dramática e complicada (…) é uma combinação explosiva: queda no volume de vendas, custo adicional mais alto em função do dólar subindo e em boa parte essa situação é alimentada por uma crise desencadeada pelo governo – de manhã tem crise, no meio do dia tem outra e à noite outra”, ressaltou. “Enquanto essa turma (os políticos) não se tocar o câmbio terá essa volatilidade”. Segundo ele a “crise é muito forte” e lançou um apelo dramático “Cuidem do Brasil!”.

Em relação a produção, foi a maior queda na história (99%): em abril foram produzidas apenas 1.800 veículos, em função da parada voluntária na linha de montagem das montadoras. Até agora, só Renault, no Paraná e BMW, em Santa Catarina, retornaram, com restrições, às suas atividades. Pior resultado no Brasil desde 1957. Os emplacamentos também estão em queda livre. Em abril foram 55.735 emplacamentos, a queda foi de 65,9% em relação a março de 2020.
Os resultados em vendas em abril por estado impressionam. Em São Paulo, foram apenas 551 emplacamentos, uma queda de 99%, a maior do Brasil. A menor queda aconteceu em Roraima (24%), mas os números no estado não são expressivos. No acumulado de janeiro a abril de 2020, a queda nos resultados foi de 26,9%. Já as exportações tiveram queda de 76,6% em abril, totalizando 7.200 unidades.
Na coletiva, a Anfavea lançou o “Protocolo de Saúde Covid-19 para retorno às atividades de montadoras e concessionárias”. São 34 regras, entre elas uso dos Equipamentos de Proteção, higienização das mãos e espaçamento entre os colaboradores.
“CUIDEM DO BRASIL” – Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea

Demissões? – Em relação a demissões, o presidente da Anfavea disse que historicamente o setor automotivo tem como característica segurar ao máximo os empregos durante as crises. “Ao longo dos anos temos uma gestão de mão de obra com o uso de ferramentas como banco de horas, férias coletivas e lay off para manter os empregos, até porque nossa mão de obra é muito qualificada”, enfatizou. Disse ainda que defende as Medidas Provisórias 936/937 para diminuir os custos nesse momento e para manter esses empregos. “Mas é muito cedo para falar se essas ferramentas serão eficazes para manter os empregos depois, tudo depende da retomada da economia e da coordenação política na gestão da crise”, ressaltou. E concluiu: “Mas se essa crise política continuar será difícil”.