Por Roberto Nunes, em Salvador
Carinhosamente chamado de Cinquecento, o Fiat 500 tem uma história desde os anos 50 no mundo. O hatch tem dimensões para o segmento de subcompactos e, ao longo das décadas, ganhou ares modernos, versão estendida e recentemente propulsor elétrico para conquistar seu espaço no mundo da eletrificação dos carros.
O modelo da marca italiana encanta por onde passa com seu visual modernoso e soluções que deixam o 500e na prateleira dos carros eletrificados. Com valor na faixa dos R$ 215 mil, o Fiat 500e é um carro para ficar de fora na briga de preços. Nem vale fazer comparativo com os modelos chineses BYD Dolphin e GWM Ora 03, veículos eletrificados do segmento de entrada que estão reduzindo o valor dos carros plugados na tomada no Brasil.
O Cinquecento está posicionado no segmento hors concours – sabe aquele que já tem tantos méritos e é campeão em todos os comparativos, ficando assim de fora da competição normal de mercado.
No Brasil, o Fiat 500 chegou em 2009 para brigar diretamente com o Mini Cooper, outro ícone da indústria de automóveis. Mas será que o Brasil tem clientes para o Cinquecento elétrico?
A configuração plugada na tomada do italiano 500 vem equipada com motor mais limpo e moderno. O 500e é fabricado em Turim (Itália) com características de projeto para rodar em situações urbanas das grandes cidades pelo mundo afora com emissão zero de poluentes atmosféricos e maior segurança e conectividade para motorista e mais 3 ocupantes.
É um hatch de duas portas e anda muito bem na cidade com sua autonomia de até 320 km. No visual frontal o Fiat 500e dispensa aberturas na grade, valorizando o conjunto frontal e capô com vincos bem harmoniosos. O 500e tem boa performance e gera 117 cavalos de potência e 23 kgfm de torque no seu propulsor elétrico, alcançando de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos. O modelo tem um sistema com três modos de condução: Normal, Range e Sherpa, este último focado na máxima eficiência energética.
O carro tem um sistema para suportar uma carga máxima de 85 kW. Ainda é um veículo para uso urbano e, mesmo assim, o Fiat 500e pode enfrentar o maior entrave para quem optou por um carro elétrico: a falta de eletropostos em cidades grandes como Salvador.
Infraestrutura no Brasil
A Stellantis, marca controlada pela Fiat e que possui outros modelos de marcas do grupo, vem investindo na oferta de carros elétricos seguindo o plano da indústria global de automóveis com planejamento bem avançado para a eletrificação dos carros. O 500e vem ofertado com uma tomada para carregamento mas esbarra também na falta de eletropostos pelo Brasil afora.
AUTOS E MOTOS entrevistou Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico, que destacou o investimento para a abertura de novos eletropostos em todo o Brasil. O mercado de veículos leves eletrificados seguirá em forte crescimento no Brasil e as vendas poderão passar de 150 mil unidades em 2024, prevê a ABVE. O presidente da entidade tem projetado um aumento de 60% nos emplacamentos e o mercado supera as previsões mais otimistas.
No entanto, quem tem um carro elétrico pode esbarrar na falta de um eletroposto e ficar literalmente na rua sem carga na bateria. Nas duas semanas rodando com o Fiat 500e nas ruas de Salvador passei por alguns perrengues na hora de tentar carregar a bateria do veículo. Além da falta de estação de carregamento na rede Fiat da capital baiana, há poucas estações disponíveis em centros comerciais e concessionárias das marcas que comercializam carros eletrificados.
Com apenas 28% de carga na bateria do 500e, entrei em uma concessionária de marca inglesa e me deparei com duas estações de carregamento sem funcionamento. Na conversa com os funcionários, ninguém soube explicar por quais motivos são vendidos carros elétricos na loja e a mesma não tem um carregador funcionando para seus clientes ou possíveis compradores de carros eletrificados. É meio um tiro no pneu do carro, sem direito a ter um borracheiro por perto no raio de 10 km.
Por conta disso, tive que entrar em um grande shopping e deixar o veículo carregando por cerca de 5 horas para ganhar uma carga de 70% da bateria. No dia, deixei o carro 9h e fui buscar por volta das 14h, ficando bem decepcionado com a possibilidade de ter um carro elétrico estacionado na garagem.
Compra de um elétrico
Como grande entusiasta da indústria de carros e amante do Cinquecento, é quase impossível andar no 500 elétrico e tecer algum tipo de comentário depreciativo ao veículo da marca italiana. Por ai você deve perceber que sou fanático em último grau pelo 500 – e também pelo modelo elétrico -, um veículo para estacionar na garagem de quem deseja um carro urbano, tecnológico e plugado na tomada – pode ser na sua residencial, via wallbox ou nos eletropostos por ai.
O Cinquecento elétrico é facilmente identificado pelo grupo óptico com faróis e milhas redondos com Full LED, destacando-se pelo DRL no capô parecendo “sobrancelhas”, faróis com o efeito Espelho Infinito e luzes de direção no para-choque. E na boa, o 500e olha mesmo para você. A nova iluminação em LED também está nas lanternas. A traseira tem o clássico bagageiro e um novo spoiler. E o pequeno hatch vem com teto solar para você tirar sua onda nos dias quentes do Verão.
Como um projeto totalmente novo, o 500 elétrico também recebeu nova coluna de direção com regulagem axial, freio de estacionamento elétrico e novo eixo traseiro, por exemplo. O veículo vem equipado com Sistema de Alerta Acústico de Veículos (AVAS), um aviso acústico para pedestres e ciclistas em velocidades de até 20 km/h. O pacote de itens é bem extenso e inclui o Co-Driver, formado pelo Sistema Avançado de Condução Assistida (ADAS) de última geração, atingindo classificação nível 2 na escala SAE.
Olhando para o futuro, uma câmera atrás do espelho retrovisor interno trabalha em conjunto com outra câmera frontal, escondida no logotipo do modelo, para garantir o controle longitudinal e lateral do veículo em todas as velocidades. A combinação com a navegação ajuda o sistema a definir o nível certo de intervenção de acelerador, freio e direção, adaptando-se a condições ora mais urbanas, ora em rodovias.
O 500e é bem seguro, conectado e moderno com seis airbags, assistente de frenagem autônoma com detecção de pedestre, detector de placas de limite de velocidade, detector de fadiga, monitoramento de ponto cego e sensores de estacionamento 360° e assistente de estacionamento (Park Assist). Há ainda seis airbags, câmera traseira de alta resolução, comutador de luz alta, sensor de chuva e monitoramento de pressão dos pneus.
A central multimídia de última geração com display digital de 10,25”, combinado ao cluster 100% digital de 7”, oferece informação de maneira renovada no 500 elétrico. O display de 7” em TFT oferece gráficos configuráveis, coloridos e com grande definição, permitindo uma ampla gama de configurações de personalização do cliente. É todo mundo conectado com sistemas de última geração com conexão sem fio Android Auto e Apple Carplay, entradas USB no painel frontal e console central e comandos da climatização e reconhecimento de voz.
O 500 elétrico é um veículo de dimensões diminutas, sim, mas tenho certeza que haverá pouquíssimas reclamações. O charme do 500e está nos seus 3,63 metros de comprimento (9 centímetros a mais que a geração anterior), 1,68 m de largura, 1,53 m de altura e 2,32 m de entre-eixos.
E ninguém vai ser audacioso de afirmar que o porta-malas de 185 litros é pequeno demais. A Fiat compensa com um hatch seguro e arrojado na pegada com direção elétrica, controle eletrônico de tração e estabilidade, além de freio a disco nas rodas dianteiras e tambor nas rodas traseiras e sistema de freios elétricos com Hill Holder (assistente de partida em aclives) e de emergência por detecção de obstáculos.
Ainda hoje o Fiat 500 é um clássico para os amantes dos automóveis pelo mundo afora. Se for um 500 elétrico, é uma boa escolha. Se for um carro elétrico, pense muito num veículo híbrido.
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